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Até sempre, "Pai" Edgar Vital

Por Juvenal Carvalho
20 Jan, 2022

Existem momentos sobre os quais nunca quereria escrever, até porque me dilaceram o coração e confesso que não deixou de ser com as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto que fiz esta coluna de opinião. E hoje é um desses momentos. Direi mesmo, o momento que não quereria nunca que chegasse, e que infelizmente tive de escrever.  

Morreu o meu grande e querido amigo Edgar Vital. Aquele que amiúde digo ser o meu "pai" em relação à minha vida no desporto e no Sporting Clube de Portugal, e por quem tinha uma amizade difícil de descrever por palavras. Aquele que me fez dirigente com tão tenra idade e que tanto me ensinou.

O Edgar era um Leão de todos os tempos. Foi atleta, treinador e dirigente do nosso basquetebol. Respirava Sporting como poucos. Onde houvesse camisola "verde-e-branca" com o símbolo do Leão, ele estava presente. Tinha sempre, e desde sempre, as Gamebox tanto do futebol como das modalidades, que as comprava peregrinamente após o seu lançamento. A doença que o acompanhou ao longo de parte da sua vida era incapacitante para tantos. Para ele foi sobretudo feita de resiliência, de garra e de vontade de viver como lema. Desistir não fazia parte de si. 'Tenho que fazer no mínimo sete quilómetros por dia', dizia-me ele tantas vezes. Quantas vezes o acompanhei, e com que agrado passava estes momentos com ele.

O Sporting Clube de Portugal perdeu alguém que de menino, até porque nasceu paredes meias com a antiga sede da Rua do Passadiço, envergou o Leão rampante ao peito e lhe dedicou uma vida. O basquetebol e o Sporting eram para si uma "religião". Tinha ainda amigos em todos os clubes, e era respeitado por todos. Um ser humano de excelência. Um Leão imenso. Uma bondade infinita.

Foi para mim muito mais do que o dirigente. Foi um amigo, um conselheiro, um confidente, era mesmo alguém que eu passava horas a discutir Sporting. Nunca o ouvi a criticar algo. Os jogadores eram os seus "meninos", o Clube estava acima de tudo e de todos, com a racionalidade que lhe era tão peculiar.

O Edgar tem mesmo uma história e um passado que davam para fazer um livro. Um passado que fala por si. Estaria dias a escrever sobre ele. A contar estórias sobre ele. Tanta e tanta dedicação e amor.

Meu querido amigo. Meu mentor. Meu eterno amigo. Descansa em paz. Por cada Leão que cair outro se levantará e tu deixaste o legado do Sportinguismo na família. Com que orgulho me mostravas os cartões de Sócio dos teus netos e a alegria que o nascimento da minha Leonor te proporcionou.

Até sempre, "Pai" Edgar. Os teus amigos, e são tantos, jamais te esquecerão.