Passagem aos ‘quartos’ da Taça garantida em horas extra
19 Dez, 2024
Gyökeres resolveu uma eliminatória de desassossego com o CD Santa Clara (2-1 a.p.)
A equipa principal de futebol do Sporting Clube de Portugal garantiu, esta quarta-feira à noite, a passagem para os quartos-de-final da Taça de Portugal ao ter recebido e vencido o CD Santa Clara por 2-1, após prolongamento, na eliminatória dos ‘oitavos’.
Cerca de duas semanas e meia depois de os açorianos terem vencido no Estádio José Alvalade para o campeonato (0-1), o duelo agora na prova-rainha também se revelou um desafiante jogo de paciência que durou mais do que o desejável, mas a ‘vingança’ verde e branca acabou por ser servida com frieza nórdica.
À entrada para o último quarto de hora do tempo regulamentar, Conrad Harder saiu do banco para romper a inércia e só não resolveu a eliminatória porque o último e vigoroso esforço açoriano resultou no 1-1 já para lá da hora - aos 90+8’. Embora forçado a horas extra, só o Sporting CP fez por vencer no prolongamento e assim foi graças ao oportunismo e inteligência de Viktor Gyökeres, que acabou com o desassossego em Alvalade ao aproveitar um erro mortal de Frederico Venâncio.
Esta ‘louca’ eliminatória ficou marcada também por duas expulsões do lado Leonino - Ricardo Esgaio, quando estava a aquecer, e Jeremiah St. Juste já em cima do apito final – e ainda a estreia de Mauro Couto, aos 19 anos, na equipa A do Sporting CP.
Para este reencontro com a equipa-sensação da Liga (quarto lugar), muito renovada por Vasco Matos relativamente ao confronto para o campeonato, os Leões apresentaram-se, por seu turno, com o mesmo ‘onze’ que venceu a última partida, diante do Boavista FC (3-2), ou seja, com Franco Israel na baliza, Eduardo Quaresma, Zeno Debast e Matheus Reis no trio de centrais, alas entregues a Geny Catamo e Maxi Araújo, o capitão Morten Hjulmand e o jovem João Simões no meio-campo e o tridente ofensivo voltou a ser composto por Francisco Trincão, Geovany Quenda e Viktor Gyökeres. Jeremiah St. Juste regressou às opções e começou no banco de suplentes, enquanto Gonçalo Inácio – estava em dúvida – ficou de fora e juntou-se à longa lista de lesionados (Daniel Bragança, Hidemasa Morita, Pedro Gonçalves, Nuno Santos).
Embora algo errático no passe, o Sporting CP procurou ter a iniciativa desde o apito inicial e o CD Santa Clara, como era expectável, assumiu uma postura mais reactiva – e cedo começou também a jogar com o relógio. O início foi muito morno em Alvalade, mas com a primeira real aproximação a uma das balizas surgiu, aos 16 minutos, a primeira oportunidade do jogo, para os Leões, e foi flagrante. Podia ter significado logo o 1-0, mas Quenda não correspondeu à assistência perfeita de Geny - lançado com precisão por Debast - e, com tudo para fazer um ‘encosto’ fácil à boca da baliza, acertou mal na bola e errou o alvo.
A formação da ilha de São Miguel raramente conseguiu aventurar-se no ataque, mas defensivamente foi dificultando a tarefa ao conjunto verde e branco, que apesar do esforço para progredir não concretizava as suas ideias para furar e ferir o organizado bloco adversário – 67%-33% em posse de bola no primeiro tempo.
Mais tarde, um remate de Geny, de fora da área, saiu à figura do guarda-redes Neneca, mas espicaçou mais os Leões. E já em cima do minuto 40, na sequência de um canto, Hjulmand até fez golo com a ajuda de um ressalto no guardião adversário, mas após indicação do VAR o 1-0 foi anulado ao descortinar um braço na bola por parte do capitão do Sporting CP no domínio.
Para responder e dissipar rapidamente o ascendente verde e branco, o CD Santa Clara baixou muito o ritmo – e o tempo – de jogo, pouco se jogou em termos prácticos até ao intervalo e, assim, o nulo no marcador foi intacto para a segunda parte.
E, em termos de toada, pouco ou nada mudou no reatamento. À base sobretudo de labor e insistência, o Sporting CP continuou à procura de combater a inércia adversária para desbloquear a eliminatória e voltou a ficar muito perto à passagem da hora de jogo. No entanto, no momento em que a bola sobrou para Trincão rematar à baliza, já com Neneca fora do lance, o extremo escorregou e um defesa do CD Santa Clara teve tempo para ‘limpar’ o lance já perto da linha de golo.
Com as contínuas paragens forçadas pelos açorianos, que não saíam do seu meio-campo defensivo, a impaciência e o desagrado com a equipa de arbitragem foram crescendo dentro e fora das quatro linhas e Ricardo Esgaio, em exercícios de aquecimento perto da linha lateral, viu dois amarelos seguidos por protestos e foi expulso.
Para ir em busca da vitória, as primeiras mexidas do lado verde e branco surgiram aos 72 minutos e a cartada não podia ter sido mais certeira. Além de St. Juste (por Matheus Reis), entrou também Conrad Harder e foi o avançado dinamarquês a romper finalmente e de imediato o marasmo. Com cerca de dois minutos em campo, Harder apareceu no sítio certo na área e, com o corpo, fez o desvio que o cruzamento de Quenda pedia, soltando os festejos em Alvalade.
Desfeito o nulo, o CD Santa Clara tentou esboçar uma reacção à base de cruzamentos e bolas paradas, acima de tudo, mas sem criar real perigo. O espaço para jogar aumentou e voltaria a ser o Sporting CP a ameaçar, porém o livre directo de Gyökeres saiu ligeiramente por cima da barra.
No entanto, os Leões, que ainda contaram com as entradas de Ousmane Diomande e Iván Fresneda, não conseguiram fazer valer a tão custosa margem mínima e os últimos ‘fogachos’ do CD Santa Clara, que ainda não tinha ameaçado, bastaram para levar a prolongamento uma eliminatória que parecia decidida.
Depois de dois grandes sustos nos últimos instantes do jogo, com Gabriel Silva, na cara do golo, a cabecear por cima e uma fantástica defesa de Franco Israel a negar de seguida o empate, o 1-1 chegou mesmo e já bem para lá dos cinco minutos de compensação dados. Num canto, os açorianos ganharam a primeira bola e esta sobrou para o desvio cruzado de Pedro Ferreira quando o relógio marcava 90+8’ e, de repente, tudo voltou à ‘estaca zero’ em Alvalade.
Na primeira parte do prolongamento nada mudou, embora só os Leões tenham procurado o golo. Depois de ter trabalhado e servido Trincão para uma emenda que saiu demasiado frouxa, Gyökeres também tentou a sua sorte num lance de insistência, mas o seu forte pontapé esbarrou em Neneca.
Já para os derradeiros 15 minutos, onde tudo se decidiu, o ala Mauro Couto, de 19 anos, fez a sua estreia na equipa principal, substituindo um desgastado Eduardo Quaresma – Fresneda assumiu o lugar no trio defensivo. O CD Santa Clara limitar-se-ia a pouco mais que defender, mais uma vez, mas cometeu um erro fatal quando faltavam cerca de sete minutos para os 120’. Frederico Venâncio tentou atrasar a bola para o seu guarda-redes e Gyökeres leu a jogada na perfeição, interceptou o passe, contornou Neneca e apontou o 2-1 que voltou a levantar as bancadas.
A tranquilidade, contudo, não assentou e, mesmo a fechar o jogo e a eliminatória, St. Juste recebeu ordem de expulsão após o choque com um adversário. Apesar da recta final 'quente' do jogo, a vitória e a qualificação dos Leões estavam finalmente garantidas.
Após o apito final naquele que foi o último jogo em casa antes do Natal, os jogadores Leoninos agradeceram o apoio dos mais de 27 mil Sportinguistas presentes e presentearam-nos com o envio de várias bolas para as bancadas. Agora, no calendário do Sporting CP segue-se uma deslocação a Barcelos, este domingo (20h30), para enfrentar o Gil Vicente FC em duelo relativo à Liga.
Sporting CP: Franco Israel [GR], Geny Catamo (Conrad Harder, 72’), Eduardo Quaresma, Zeno Debast (Ousmane Diomande, 83’), Matheus Reis (Jeremiah St. Juste, 72’), Maxi Araújo, Morten Hjulmand [C], João Simões, Francisco Trincão, Geovany Quenda (Iván Fresneda, 90+5’), Viktor Gyökeres