Rondavam os ponteiros do relógio as 21:15h do dia 6 de Março de 2025 quando, sintonizado na Sporting TV, eu e largos milhares de Leões espalhados pelos diversos cantos do globo, assistimos eufóricos e porque não até incrédulos pela circunstância, a um momento que jamais esqueceremos, com a cidade de Plock, na distante Polónia, como palco. Uma bola ganha na raça após pressão a todo o campo e a escassos cinco segundos do fim eis que o nosso andebol, que estando sempre atrás no resultado, mas sem nunca atirar a toalha ao chão, através de um golo apontado pelo "ponta" islandês Orri Þorkelsson, com uma frieza glaciar, tão tipicamente nórdica, contornou o guarda-redes do Wisła Płock e garantiu o apuramento do Sporting Clube de Portugal para os quartos-de-final da EHF Champions League. 

Estava assim consumado o feito mais marcante conseguido até ao momento por uma equipa portuguesa na mais importante competição de clubes do andebol europeu, desde que é disputada nestes moldes. 

Histórico. Inolvidável. Brilhante. Estratosférico. São estas algumas das palavras que me suscitam para adjectivar este momento e com ele este feito que, para o treinador Ricardo Costa, também ele eufórico mas sobretudo consciente e com os pés assentes no chão disse no final do jogo que: " já que chegámos aqui... quero mais". E realmente chegados que estamos aqui pode e deve haver mais história para acrescentar a esta já tão dignificante. Para já o sonho é atingir a final four. 

Desde sempre que o andebol é uma modalidade com largo historial no nosso Clube, onde é impossível esquecer o penta, conseguido em 1973, até porque a História, essa, jamais se apaga. Mas também outras grandes equipas em diversos tempos diferentes. Mas este momento será daqueles que também jamais se apagará.

A classe em forma de união de uma equipa na verdadeira acepção da palavra foi espelhada em campo, onde lutaram por cada bola como se fosse a última da vida deles, mas também – sinais dos tempos – demonstrada acto contínuo nas redes sociais, com textos de profunda satisfação pelo momento conseguido. 

De tudo o que li, e o denominador comum era a felicidade, retenho um texto de Salvador Salvador. No qual, além do atleta e profissional, falou o Sportinguista. Recordou os momentos em que se deslocava, então muito jovem, do "seu" Ribatejo para os pavilhões onde o seu clube do coração jogava, até aos tempos actuais em que, com quanta felicidade, integra aos dias de hoje esta equipa. Uma equipa – acrescento eu, verdadeiramente sensacional.

E nesse texto, qual líder em campo, como tão bem lhe assenta o estatuto de capitão, não esqueceu Kiko Costa, que está lesionado – volta depressa rapaz – mas que tão importante foi até chegarmos a este momento fantástico. A união decididamente faz a força. E da baliza às pontas, passando pela liderança directiva e técnica, este grupo de trabalho é uno e indivisível como só... "à Sporting". 

Façam-nos sonhar ainda mais. Vocês são capazes!

P.S 1 – O futebol segue rumo ao objectivo do Bi. Depois do êxito ante o Casa Pia AC, teremos já no próximo sábado o FC Famalicão em Alvalade. Faltam nove "finais". Seguimos juntos.

P.S 2 – Parabéns ao voleibol feminino pela conquista da Taça de Portugal. Agora segue-se o play-off do campeonato e a tentativa da "dobradinha". Sim, é possível.

P.S 3 – A expressão portuguesa "depois da tempestade vem a bonança", aplica-se na plenitude a Auriol Dongmo. Uma medalha de bronze no lançamento do peso – mais uma ao mais alto nível – no Campeonato da Europa de pista curta, depois de um longo calvário com uma lesão grave. Uma heroína, a "nossa" Auriol!