Pavilhão Municipal de Alcobaça
Árbitros: Francisco Costa e Ricardo Casal (Viseu)
Ao intervalo: 1-3
Burinhosa: John Welton, Marquinhos, Bruno Cintra, Pimpolho e Nino. Jogaram ainda: Russo, Espanhol, Tiago, Fábio Catarino e Claudinho
Treinador: Kitó Ferreira
Golos: Russo (6’)
Acção disciplinar: cartão amarelo a Espanhol (15’) e Bruno Cintra (28’)
SPORTING: Marcão, Caio Japa, Pedro Cary, Fábio Lima e Cavinato. Jogaram ainda: João Benedito, Fortino, Diogo, João Matos, Merlim, Paulinho e Miguel Ângelo
Treinador: Nuno Dias
Golos: Diogo (1’ e 28’), João Matos (5’ e 14’) e Pedro Cary (22’)
Acção disciplinar: cartão amarelo a Fortino (4’)
"Somos jogadores só para jogar com equipas pequenas? Vamos embora! Vamos jogar futsal, senão para estes jogos jogam os Sub-20!”. Em tom severo, gritado, Kitó Ferreira, treinador da Burinhosa, pediu a pausa técnica com apenas dois minutos de jogo decorridos. Em vez da habitual explanação táctica, apelou ao factor psicológico, procurando espicaçar os seus jogadores. A explicação estava toda lá, no jogo. Estava na entrada em falso dos homens da casa que, com apenas 11 segundos, viram os ‘leões’ chegarem à vantagem – João Matos tocou curto para Diogo num livre à entrada da área, com o número oito a rematar colocado ao ângulo. Estava no remate de Cavinato à trave instantes depois do golo, assistido por Fábio Lima à boca da baliza. Estava numa atitude aguerrida – como comprovam as duas defesas apertadas de Marcão, no primeiro minuto, a remates de Pimpolho e Nino – mas muito curta para o poderio que o Sporting impunha.
Tem de se dizer que, perante o mapa do jogo que traçámos, e com apenas dois minutos passados, a maioria das equipas de menor porte ter-se--ia encolhido. Mas não a Burinhosa, que jogava de linhas defensivas subidas e com uma grande pressão sobre o portador da bola. À ‘grande’, portanto. E essa foi, por um lado, uma assinalável virtude – quem acompanha semanalmente o futsal está ‘careca’ de ver a esmagadora maioria das equipas recolher aos 12 metros defensivos – mas também o principal pecado da formação de Alcobaça. É que o atrevimento saiu caro, com espaços constantemente abertos nas costas do último defensor, debilidade que o Sporting soube aproveitar, com lances longos a procurar a profundidade e com o 1x1 que permitia ganhar terreno rumo à baliza de Welton. A superioridade traduzia-se, cada vez mais, em números. Aos 5’, já depois de Cary ter rematado de longe em mais uma boa ocasião dos ‘leões’, João Matos fez o 2-0: Diogo interceptou o passe de Marquinhos para Pimpolho e assistiu o número nove dos ‘verde e brancos’ à entrada da área.
Logo depois, os mesmos dois protagonistas – João Matos e Marquinhos – voltaram a estar em destaque mas por motivos opostos: desta vez foi o jogador do Sporting que errou e o da Burinhosa que aproveitou. Ou talvez não, porque atirou ao lado. Se Marquinhos não conseguiu, o mesmo não se pode dizer de Russo. Aos 6’, conduziu uma transição depois de uma perda de Diogo, assistiu Fábio Catarino que enviou a bola à trave e, no ressalto, reduziu de cabeça para a equipa da casa – numa altura em que Marcão estava adiantado. O guarda-redes ‘leonino’, num remate de baliza a baliza (9’), Merlim, após jogada individual e boa combinação com Fortino (9’) e Cavinato, num cabeceamento por cima após assistência de Fortino (10’) podiam ter dilatado para os ‘leões’, assim como Marquinhos o podia ter feito para os alcobacenses, se o remate de meia-distância (9’) não tivesse saído ao lado. João Matos foi mais certeiro: Paulinho bateu um canto directo à zona do guarda-redes, onde surgiu o número nove, solto de marcação, a cabecear para o 3-1. As camisolas ensopadas de suor evidenciavam a alta rotação a que se jogava, com movimentações rápidas, jogadas ao primeiro toque e uma intensidade invulgar em jogos da Liga SportZone. Até ao (merecido) descanso, Cary ainda ameaçou de meia-distância (14’) e João Matos voltou a tentar cabecear para golo, por duas ocasiões (19’), mas sem o mesmo sucesso que já tinha revelado.
No reatamento, a Burinhosa surgiu novamente com baixos índices de concentração. Apesar de Cary ter falhado o golo logo ao primeiro minuto, rematando para fora após assistência de Fortino, não perdoou, logo de seguida, fazendo o 4-1 após boa recepção com o peito em zona frontal e remate por baixo das pernas de Welton, na sequência de um bom passe de ruptura de Caio. A Burinhosa continuava a tentar jogar de igual para igual, mas o desgaste físico – e também psicológico – iam retirando lucidez às suas acções. Já Diogo, voltou a ser letal e, na cobrança de um livre directo, atirou para o 5-1 final, com a bola a embater ainda em Russo. No mesmo minuto, Bruno Cintra rematou ao poste, mas nesta fase já só dava Sporting, com Diogo a falhar o ‘hat-trick’ por pouco (30’) depois de um bom trabalho individual de Merlim.
Kitó Ferreira voltou a solicitar a pausa técnica a oito minutos do final, pedindo “dignidade até ao último segundo” e lançando o 5x4. No novo esquema táctico, só por duas vezes a bola rondou as redes de Marcão – em remates de longe de Russo e Bruno Cintra – mas sem causar calafrios à defensiva ‘leonina’: o vencedor da partida estava mais do que encontrado.