Exactos 48 dias. Pouco menos de dois meses. Foi este o intervalo de tempo que mediou a vitória expressiva sobre o Modicus (5-1), nos primeiros dias de Janeiro, e a goleada ao Rio Ave (7-0), no passado fim-de-semana. Pelo meio, um Campeonato da Europa com a participação de sete ‘leões’ e algumas dúvidas sobre se o Sporting ia conseguir manter o nível evidenciado antes da longa paragem.
Faltavam dois segundos para o final quando Nuno Dias disse com o corpo mais do que com as palavras. André Gomes rematou, Marcão fez-se ao lance, mas a bola desviou em André Machado e entrou. No banco, Nuno Dias inclinou o tronco para trás acusando o amargo de boca. Não porque a vitória estivesse em risco, mas porque era quebrada uma série de quatro jogos consecutivos sem sofrer golos, que constitui um recorde na história da modalidade ‘leonina’ em provas oficiais. A exigência é posto, até nestes ‘detalhes’ – chamemos-lhes assim.
Costuma ser o número do azar mas, para os ‘leões’, foi o da sorte. Corrigimos: sorte não, trabalho. O que o Sporting conseguiu fazer no encerramento da 13.ª jornada da Liga SportZone – e da primeira volta da fase regular da prova – confirma o que tem sido realizado pela equipa de Nuno Dias, e que tem tido efeitos, com especial destaque, nos últimos quatro jogos. Frente ao sétimo classificado, o SL Olivais, o Sporting vestiu o fato de gala e rubricou a exibição porventura mais consistente da época até ao momento.
Há um ano, o Sporting jogava no Pavilhão Acácio Rosa escondido do Mundo – que é como quem diz à porta fechada – por força do castigo imposto ao Beleneneses. E assim, além de três ou quatro jornalistas na bancada e das duas equipas técnicas, ninguém viu o Sporting ser superior mas a desperdiçar muito no ataque, em parte graças à intervenção do outro mundo do guarda-redes Sérgio Alves.
Não era fácil, mas até parecia. Na antevisão do encontro que opunha o Sporting à Quinta dos Lombos, Alex Merlim alertava para a rapidez do adversário e a forma aguerrida como disputava cada lance. Era preciso encarar o jogo de forma séria e concentrada. Assim foi.
Começou mal, mas rapidamente melhorou o encontro do Sporting frente ao São João, último classificado da Liga Sportzone. Os ‘leões’ viram-se em desvantagem logo aos 16 segundos, quando Vasco Seco aproveitou uma desatenção de João Matos para bater João Benedito e fazer aquele que seria o golo de honra dos visitantes. O tento sofrido inquietou os comandados de Nuno Dias, que demoraram algum tempo a afinar os motores e colocar a máquina a carburar.
Não chegou a haver propriamente uma queda, mas pode dizer-se que existiu uma redenção. Expliquemos: na recepção em Odivelas ao Sp. Braga/AAUM, partida em atraso relativa à segunda jornada, o Sporting jogou meia parte e, ainda assim, ficou muito perto de conseguir o resultado por inteiro, tamanho foi o azar na parte de maior acerco à baliza de Vítor Hugo; três dias depois, jogou o encontro inteiro mas ficou com o resultado justo por metade, tamanha foi a superioridade revelada frente ao Boavista.
Não se trata só de jogar bem. A equipa de Nuno Dias está a fazer história. Desde o golo de Vasco Seco, no primeiro minuto do Sporting-São João (que terminou com a vitória ‘leonina’ por 8-1, no Multiusos de Odivelas), nunca mais o Sporting consentiu golos – ou seja, há precisos 199 minutos. Mais que isso, em todos esses jogos só goleou (7-0 sobre Quinta dos Lombos, SL Olivais e agora Gualtar, e 5-0 ao Belenenses).